Notícias

Acesse o conteúdo disponível da área de Notícias:

Últimas Notícias

A Odontologia brasileira é reconhecida como uma das melhores do mundo

O Presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Dr. Juliano do Vale, teve publicada sua primeira entrevista após a reeleição de renovação do plenário da Autarquia Federal no jornal A Tribuna de Santos, na versão impressa de sábado (9). Recentemente, ele esteve na cidade para receber a Medalha Tiradentes e conduzir a Assembleia Conjunta do CFO com os Conselhos Regionais de Odontologia (CROs), quando concedeu a entrevista.

Confira entrevista na íntegra:

Criar políticas públicas efetivas e perenes que coloquem a saúde bucal como parte da saúde integral, com verbas específicas e campanhas de conscientização sobre o tema. Afastar a ideia de que profissionais de Odontologia podem ser formados em cursos a distância (EaD). Estreitar as relações internacionais para que os cirurgiões-dentistas formados no Brasil tenham mais chances de atuar em outros países onde há mercado de trabalho carente desses profissionais. Estimular o turismo odontológico, um caminho novo que busca colocar essa área como uma das qualidades do Brasil, capaz de atrair pessoas de outros países para realizar tratamentos com os profissionais brasileiros. Essas são algumas das bandeiras defendidas pelo Conselho Federal de Odontologia, que ontem reelegeu seu presidente, Juliano do Vale, e toda diretoria para o terceiro mandato, de 2024 a 2027. Juliano do Vale esteve em Santos em novembro, quando a Cidade foi a capital da Odontologia brasileira, com o 1 Fórum de Odontologia Hospitalar da Baixada Santista, a entrega da Medalha Tiradentes ao presidente do conselho e a assembleia conjunta do CFO e de todos os Conselhos

Regionais de Odontologia (CROs) do Estado. Juliano visitou A Tribuna acompanhado do presidente do Crosp, Braz Antunes Matos Neto.

Recentemente, foi anunciada a mudança de categoria da Odontologia Hospitalar, de habilitação para especialidade. Isso representa um avanço na Odontologia, não?

Sem dúvida. Anteriormente, o argumento para não fazer essa transição é que não existia número de profissionais suficiente na Odontologia Hospitalar que justificasse. Esse foi um dos pontos que os conselhos, federal e estaduais, não deixaram como justificativa formal. Colocamos a necessidade de maior qualificação para o profissional que vai atuar no ambiente hospitalar, porque não é uma realidade de todos os cirurgiões-dentistas. Ele se forma para trabalhar em um consultório, em uma clínica, e quando se propõe a ir para o hospital, tem uma capacitação diferente, tanto pelo ambiente, como pela abordagem do paciente. É preciso estar preparado. Então, foi, sim, uma vitória de toda a categoria.

Além dessa mudança, também é preciso que haja oferta de vagas dentro dos hospitais para esse profissional? Isso já acontece?

Eu penso que sim, e eu diria que a maioria das vagas existentes já está preenchida. Já existe uma demanda razoavelmente suficiente para justificar essa mudança de categoria, sim.

Este ano, o Grupo Tribuna realizou a primeira edição do Fórum de Saúde Bucal, inclusive com a sua presença aqui, e um dos dados que chamaram atenção é a admissão, por parte do Ministério da Saúde, de que faltam campanhas nacionais para os cuidados com a saúde bucal. Que leitura o senhor faz desse cenário?

Essa é uma questão muito preocupante. Precisa de uma mudança cultural por parte da população, sim. Se você apenas ampliar as campanhas e o acesso, talvez tenha serviço ocioso. Por outro lado, se apenas estimular o cidadão a procurar o serviço, ele vai, mas não encontrará o serviço disponível. Então, é algo que precisa caminhar junto para aumentar gradativamente.

Também falta a percepção, por parte da população, de que ir ao dentista preventivamente é importante, é isso?

Exatamente. É o que eu falo de cultura, de reconhecer a importância. Se você falar para qualquer jovem se ele prefere ir ao dentista para avaliar a saúde bucal, fazer uma limpeza ou para colocar aparelho e alinhar os dentes, nenhum vai preferir a primeira opção. E isso acontece em todas as camadas sociais.

Dentro do Conselho Federal de Odontologia, quais são, atualmente, as principais bandeiras de luta?

Principalmente, maior investimento nas políticas públicas de saúde bucal.

Isso passa por ter mais representantes da sua categoria nas casas legislativas?

Sem dúvida alguma. Precisamos ter representação política. Hoje, não tem nenhum representante direto da categoria. Tem cirurgião-dentista com mandato, sim, mas não foi eleito pela categoria. Ele tem a formação, mas foi eleito com outras demandas, outras pautas.

“A única (profissão) que se posicionou de forma unânime (no MEC) contra o ensino a distância foi a Odontologia”

O senhor acredita que, para a efetividade das políticas públicas voltadas à saúde bucal, também seria necessário que parte da verba obrigatória para a Saúde deveria ser carimbada em programas nessa área?

Esse é um dos caminhos, com certeza, porque, quando se destina o recurso para a saúde bucal, o gestor tem a liberalidade de poder remanejar. Então, como a população não cobra, o profissional não cobra e não tem representante político para manter essa verba onde estava prevista, o gestor acaba investindo em outras áreas.

E há outras bandeiras do conselho?

Outra questão é a internacionalização da odontologia brasileira, o que permitiria que o cirurgião-dentista trabalhasse no exterior. Sabemos que o mundo inteiro tem deficiência de cirurgião-dentista…

Algum país em especial? Portugal, por exemplo.

Portugal não mais, porque foi uma leva de nas décadas de 80 e 90. Mas tem muitos países da Europa que precisam de dentistas, e há uma série de dificuldades para essa movimentação por parte dos dentistas brasileiros.

Mas as restrições partem dos países ou do Brasil? E, se os países estão precisando de mais profissionais, como o senhor diz, por que há restrição?

As restrições partem dos países por falta de uma política de cooperação governamental. Com o número de faculdades que temos aqui no Brasil, tenho certeza de que haveria grande interesse dos nossos profissionais em ir para outros países. O conselho está fazendo uma gestão política nesse sentido. É claro que é uma caminhada com várias restrições, mas possível.

A abertura de novas faculdades também preocupa o conselho?

A maioria das faculdades de Odontologia já forma turmas e estão sobrando vagas nos últimos anos. Por exemplo, entra uma turma de 60 alunos, na metade (do curso) tem 40, no último semestre tem 20. Já levamos essa questão para o MEC (Ministério da Educação), dizendo que não precisa abrir mais vagas nem mais faculdades porque tem vagas sobrando. Todo vestibular dificilmente preenche o número inicial. Estamos brigando para não autorizarem mais abertura nem aumento no número de vagas. E, principalmente, para não autorizarem mais ensino a distância para Odontologia.

Essa questão já não havia sido descartada?

Nao ainda. O MEC instalou um grupo de trabalho para quatro profissões: Direito, Odontologia, Psicologia e Enfermagem. Desses quatro, a única que se posicionou de forma unânime contra o ensino a distância foi a Odontologia. O MEC abriu uma consulta pública. A população talvez não entenda os riscos de formar um profissional a distância nessa área. Então, a depender de como e onde a informação será levada, pode ter um resultado desfavorável para o que entendemos como certo. A população não conhece esse risco. Eu acredito muito que haja um trabalho para firme de implantar esses modelos a distância para o Governo criar o Fies (Financiamento estudantil) para cursos a distância. Será mais uma porta sem controle, porque

é muito difícil você medir a frequência efetiva de alunos em um curso não presencial.

O senhor tem falado bastante sobre turismo odontológico. Como seria isso?

Sim, temos plantado algumas sementes nesse sentido. Queremos criar alguns mecanismos para que pacientes de outros países venham ao Brasil realizar seu tratamento odontológico.

No Canadá ou na Inglaterra, por exemplo, um tratamento odontológico pode custar muito caro ao orçamento familiar.

Fica mais barato comprar a passagem e vir para o Brasil, ainda que precise se hospedar.

A Odontologia brasileira é, reconhecidamente, uma das melhores do mundo em termos de profissionais, materiais. Eu até já sugeri que devemos participar de feiras internacionais de turismo, divulgando a Odontologia brasileira. Poderíamos criar um cadastro de profissionais com os idiomas que dominam para facilitar a comunicação com cada país.

O senhor foi reeleito para o terceiro mandato, o que vai totalizar nove anos. Há alguma restrição ou poderá se candidatar outras vezes?

Há um projeto de lei no Congresso, proposto pelo próprio conselho, que limita a reeleição: passa o mandato para quatro anos e limita a uma única reeleição. Esse projeto ainda não está tramitando porque, quando se fala em mexer em leis de categorias profissionais, há muita restrição entre os parlamentares.

Achou interessante esta notícia? Compartilhe!
Facebook
WhatsApp
Email
Telegram
CROSP
Enviar para o WhatsApp

Imprensa

Contatos:

Telefones:
(11) 3549-5550 / (11) 99693-6834