A juventude é marcada por descobertas, transformações e experiências diversas. Preocupações e cuidados permeiam esse período. A saúde bucal também deve ocupar um lugar importante na lista de prioridades, afinal, um sorriso bonito e saudável ajuda a manter a autoestima, fundamental em qualquer momento da vida, mas especialmente quando se é mais jovem.
As mudanças físicas, emocionais e sociais são comuns na adolescência. Os hábitos alimentares, por sua vez, também se modificam frente a uma agenda cheia de compromissos, tempo escasso para uma criteriosa higienização bucal, falta de uma supervisão assistida pelos pais ou responsáveis e, muitas vezes, uma alimentação desequilibrada com excesso de alimentos ricos em carboidratos e açúcares, como doces, refrigerantes, isotônicos e energéticos.
Tais hábitos vão propiciar a formação de cárie, inflamação da gengiva (gengivite) e erosão ácida do esmalte dentário, levando a dor, sangramento da gengiva, alteração
da cor dos dentes, desgaste da superfície dentária e mau hálito, como lembra a Cirurgiã-Dentista e membro da Câmara Técnica de Ortodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Miriam Abdo de Camargo Pinheiro.
“Nessa fase da adolescência, a aceitação em um grupo e a preocupação extrema com a estética podem levar a hábitos nutricionais inadequados, podendo desenvolver a anorexia ou a bulimia, ambos altamente prejudiciais para sua saúde como um todo. A privação alimentar leva a uma deficiência nutricional que, além de prejudicar o desenvolvimento da sua massa muscular, afetará diretamente sua saúde bucal”, alerta a especialista.
Dra. Miriam explica que, na anorexia, a perda grave dos nutrientes importantes para o desenvolvimento levará ao surgimento da gengivite, com sangramento gengival espontâneo, podendo evoluir para uma periodontite (quando a inflamação atinge o osso e o ligamento periodontal que “prende” o dente no osso), podendo ocorrer a perda dentária.
Já no quadro de bulimia, o ato de provocar o vômito após a alimentação pode levar a um desgaste severo dos dentes (aumento dos níveis de desmineralização), aumento da incidência de cárie por conta dos ácidos estomacais, além da queilite angular (proliferação de fungos nos cantos da boca) devido à queda da imunidade e diminuição da formação da saliva. Com isso, a halitose se instala, podendo haver alteração no paladar.
Descobertas
O beijo está entre as descobertas mais agradáveis da juventude. De acordo com a Dra. Miriam, cabe ao Cirurgião-Dentista, nesse momento de vivenciar o primeiro beijo,
fornecer a informação de que a boca pode ser a entrada para doenças sexualmente transmissíveis. Segundo ela, a gengivite, por exemplo, teve sua incidência aumentada pelo ato de “ficar”, pois beijar na boca de várias pessoas aumenta em 4 vezes o risco de contrair a bactéria causadora da cárie e outras doenças como a mononucleose (doença do beijo)
e o herpes. Por isso, reforçar a importância de manter uma higienização adequada, sem inflamação da gengiva, com uma alimentação equilibrada, é fundamental.
“É importante que os adolescentes, nessa fase de descobertas sobre o sexo, estejam também cientes de que o HPV (vírus do papiloma humano), que é um dos responsáveis pelo aparecimento de câncer de boca e de orofaringe, também pode ser transmitido através do sexo oral desprotegido. Cabe a nós, Cirurgiões-Dentistas, orientarmos a importância do uso de preservativos, bem como das vacinas para prevenir o HPV”, ressalta a doutora.
Gravidez na adolescência
Dra. Mirian destaca outro momento delicado, que é a gravidez na adolescência. De acordo com a Cirurgiã-Dentista, a gestação na adolescência requer cuidados especiais, uma vez que as alterações hormonais do período levam às respostas inflamatórias, predispondo a gestante à gengivite e à periodontite, com processos infecciosos que podem levar ao parto prematuro e ao nascimento de bebês com baixo peso. “É muito importante que a gestante faça o acompanhamento por meio também do pré-natal odontológico”, pontua.