A morte de quatro pessoas por febre maculosa, após a participação em um evento na Fazenda Santa Margarida, na região de Campinas (SP), acende um alerta importante para os cuidados com a doença, transmitida por meio de carrapato infectado. Por isso, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) reforça as informações sobre a Febre Maculosa e, principalmente, sobre as formas de prevenção.
O CROSP se solidariza, ainda, com os familiares e amigos das vítimas, e expressa sentimentos de pesar a todos, em especial às famílias das Cirurgiãs-Dentistas Mariana Giordano e Evelyn Santos, ambas inscritas no Conselho.
Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados 753 óbitos pela doença nos últimos 10 anos no Brasil. Por isso, o CROSP faz um alerta para a prevenção, cuidados e sintomas da doença. Isso porque quanto antes identificada a doença, mais rápido o tratamento é iniciado, aumentando as chances de cura.
A doença
A febre maculosa (ou doença do carrapato) é, ainda de acordo com o Ministério da Saúde, uma doença infecciosa e febril aguda com uma alta taxa de mortalidade, transmitida pelo carrapato-estrela. Embora seja relativamente rara no Brasil – foram 190 casos confirmados em 2022 -, a febre maculosa pode, em questão de dias, levar ao óbito e, portanto, deve ser alertada à população.
Capivaras, cavalos, bovinos e outros animais silvestres podem ser hospedeiros intermediários do carrapato-estrela e, por consequência, vetores transmissores da doença. Assim, é necessário um cuidado redobrado àqueles que forem visitar regiões com acúmulo de folhas secas, gramados, pastos, lagoas, córregos ou rios.
Os sintomas
Os sintomas podem surgir de 2 a 14 dias após a picada do carrapato e incluem febre, dor de cabeça, dores no corpo, mal-estar, vômito, diarréia e manchas vermelhas pelo corpo. No entanto, por serem sintomas muito parecidos com os de uma gripe comum e a picada do carrapato ser praticamente imperceptível, o diagnóstico pode ser muito difícil.
Assim, é de suma importância, ao visitar regiões de risco, evitar o contato direto com gramados, fazer inspeções no corpo durante intervalos curtos de tempo e utilizar roupas claras e longas e repelentes à base de icaridina para evitar a contaminação. Também é essencial, em casos de suspeita de febre maculosa, avisar aos profissionais da saúde a existência de um contato prévio com áreas de risco para acelerar o diagnóstico e, assim, iniciar com antecedência o tratamento à base de antibióticos específicos.
A importância da Odontologia Hospitalar
A febre maculosa, de acordo com o Ministério da Saúde, é uma doença de gravidade variável, embora casos clínicos leves sejam considerados atípicos. Em maioria, os casos manifestam-se de forma grave e com uma alta taxa de letalidade.
Nesse sentido, muitos pacientes infectados são encaminhados à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, com isso, expostos aos cuidados da Odontologia Hospitalar. Assim, para discutir sobre a importância da habilitação para o tratamento e para a recuperação dos doentes, o CROSP ouviu a Cirurgiã-Dentista e Presidente da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar, Dra. Denise Caluta Abranches.
Segundo a especialista, quando um paciente é hospitalizado na UTI e há necessidade de intubação, a Odontologia atua de forma multiprofissional e adota procedimentos quanto às repercussões na cavidade bucal, a fim de eliminar focos infecciosos de origem odontogênica.
Uma vez intubado, a retirada de aparelhos ortodônticos é de importância valorosa, pois são componentes que causam traumas nas mucosas em toda a cavidade bucal, sangramentos inoportunos e feridas que podem trazer agravos sistêmicos aos pacientes. Ainda, a retirada dos aparelhos evita a retenção de placa bacteriana e contém o aumento do biofilme bucal composto por diversos tipos de microorganismos, como bactérias, fungos e vírus – patógenos que podem, ao serem aspirados, evoluir para pneumonias graves.
Não obstante, a remoção auxilia a realização de exames como, por exemplo, a ressonância magnética, uma vez que em alguns casos o metal dos aparelhos ortodônticos pode causar distorções nas imagens obtidas, prejudicando o laudo final do exame.
Além disso, a especialista ressaltou que a Odontologia Hospitalar contribui para melhora da qualidade de sobrevida dos pacientes e para redução dos riscos de infecção, do tempo de hospitalização, dos custos hospitalares e da necessidade de exames complementares. Ainda favorece a racionalização do uso de antibióticos e medicações, melhora de forma significativa a assistência ao paciente hospitalizado e otimiza a assistência aos pacientes com comorbidades que necessitam preparo odontológico prévio a procedimentos médicos.
Assim, a inserção de protocolos de higiene oral, a instalação de protetores bucais, a retirada de aparelhos ortodônticos para mordeduras e outras aplicações da Odontologia Hospitalar possuem a potência de auxiliar de forma pragmática o tratamento do quadro de doenças graves, como a febre maculosa e, assim, garantir uma melhor qualidade de vida e uma breve desospitalização dos pacientes.
Saiba mais sobre a transmissão, sintomas e prevenções: https://www.instagram.com/p/Ctj0pVuMuhH/?igshid=ZWQyN2ExYTkwZQ==