O Conselho Regional de
Odontologia de São Paulo (CROSP) enfatiza, neste 4 de fevereiro – Dia Mundial
de Luta contra o Câncer – o alerta para os cuidados com a saúde bucal e a
prática de hábitos saudáveis para prevenção do câncer bucal. As visitas periódicas
ao cirurgião-dentista facilitam o diagnóstico no estágio inicial da doença.
Abaixo, convidamos o
cirurgião-dentista Celso Lemos, integrante da Câmara Técnica de Estomatologia
do CROSP para comentar tópicos importantes sobre a doença.
1) Dados
do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que o câncer de boca é um dos
mais recorrentes entre os brasileiros. Porque ele é tão comum?
No Brasil são estimados mais
de 15 mil novos casos de câncer de boca anualmente. A população mais afetada
são os tabagistas, entre os 50 e 60 anos, que fumaram desde a juventude,
portanto, ficaram expostos aos componentes carcinogênicos em boa parte da sua
vida. Cerca de 60% dos pacientes diagnosticados estão na faixa etária citada
acima. O consumo de álcool em excesso, junto ao tabagismo, também favorece o
surgimento do câncer de boca.
2) Ainda
segundo os dados do INCA, a incidência é muito maior entre homens do que entre
mulheres. Porque isso acontece?
A explicação mais aceita é
devido a esse grupo ficarem mais expostos ao tabaco e a grandes quantidades de
álcool. São cerca de três homens para cada mulher diagnosticada – diferença que
já foi mais alta no passado. Cabe destacar que, cerca de 20% dos pacientes
diagnosticados não apresentam nenhum fator de risco associado, mas desenvolveram
a doença.
3) Quais
hábitos mais contribuem para o desenvolvimento deste tipo de câncer?
O principal a ser evitado é
o uso do tabaco em suas variadas formas junto ao consumo excessivo de álcool.
Outros fatores como os hábitos de higiene oral e o vírus HPV estão relacionados
ao câncer de boca, porém em menor intensidade. Inclusive, nos últimos anos, o
vírus HPV, mostrou uma importante relação com os tumores de orofaringe (base da
língua e garganta).
4) Quais
os primeiros sintomas? Há alguma maneira de autoexame?
Na maioria das vezes, o
câncer de boca não apresenta sintomas nos estágios iniciais da doença.
Portanto, a visita periódica ao cirurgião-dentista é preventiva e bastante
recomendada, especialmente de pacientes que fumam e bebem. Manchas brancas ou
vermelhas na mucosa da boca, aumento de volume na boca e na região da cabeça e
do pescoço ou feridas que se assemelham a aftas e não cicatrizam após 15 dias
são os primeiros sinais da doença.
5) A(o)
cirurgiã(o)-dentista deve incentivar o paciente a fazer o autoexame?
Sim. A(o) cirurgiã(o)-dentista
deve incentivar o seu paciente a conhecer a própria boca durante a realização
da higiene bucal diária. E ao primeiro sinal de alteração na cavidade oral,
como as mencionadas acima, o paciente deve procurar a(o) cirurgiã(o)-dentista e
se necessário, o profissional poderá encaminhá-lo ao estomatologista que é
especializado no diagnóstico das doenças da boca. Mas devemos insistir que a
visita periódica ao cirurgião-dentista é a única forma comprovada de detecção
de lesões suspeitas.
6) A(o)
cirurgiã(o)-dentista pode diagnosticar o câncer de boca ou também é necessária
a consulta com um médico?
Ambos os profissionais estão
aptos para diagnosticar o câncer de boca. Após um minucioso exame clínico a(o)
cirurgiã(o)-dentista pode indicar a realização de biópsias em lesões suspeitas,
que são enviadas ao laboratório para confirmação da hipótese clínica. Após o
exame e diagnóstico, o paciente é encaminhado a um cirurgião cabeça e pescoço,
médico responsável que trata o câncer de boca. Inclusive, o profissional da
Odontologia tem um papel fundamental na prevenção, diagnóstico e reabilitação
do paciente, após o tratamento médico.