O debate sobre o funcionamento dos cursos de saúde totalmente
a distância tem envolvido diversas entidades da área, a exemplo do Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) e da Associação Brasileira de
Ensino Odontológico (ABENO). Ambas se posicionam contrárias à formação de
profissionais sem aulas presenciais.
Presidente da ABENO, a professora Maria Celeste Morita
explica que as Diretrizes Curriculares Nacionais são norteadoras do conteúdo da
formação e, por isso, importantes para frear a expansão de cursos a distância.
“Se as diretrizes forem complexas – como é o caso da
Odontologia – e deixarem claro que há necessidade de uma formação envolvendo
estágios em serviços de saúde do SUS, formação interprofissional, práticas de
clínica integrada sob supervisão docente, entre outros requisitos, elas vão
determinar a necessidade de uma formação presencial”.
A presidente conta que a proposta que tramita hoje no
Conselho Nacional de Educação foi construída coletivamente com a participação
de 132 instituições de ensino superior. “Na realidade foram sete etapas e o
processo durou um ano e meio. Como as diretrizes foram aprovadas em 2002, era
necessário incorporar mudanças advindas do avanço científico e de outras
questões contemporâneas da odontologia brasileira”.
Entre as modificações está a necessidade de acompanhamento do
desenvolvimento científico e tecnológico durante a profissão. “A odontologia
baseada em evidências científica deve ser praticada e trabalhada ao longo de
todo o curso”, afirma Maria Celeste.
Outros pontos importantes incluem formação que promova o
comportamento ético e a melhor gestão de consultórios e serviços de saúde. “O
cirurgião-dentista precisa saber programar sua vida profissional, quanto vai
ganhar, onde vai se estabelecer, como vai gerir seu negócio, aposentadoria,
enfim, essas e tantas outras questões que envolvem o mercado de trabalho”.
Embora a atualização seja necessária, a professora destaca
que o Brasil conta com cursos de nível elevado, qualidade de formação técnica e
científica e compromisso social. Mas ela aponta também que o aumento no número
de instituições de ensino, impacta a qualidade. “Isso porque, entre outros
fatores, um corpo docente qualificado e que se responsabilize pelo aprendizado
do aluno não se forma da noite para o dia”.
A presidente da ABENO ressalta ainda que as mudanças nas
diretrizes contribuem para que o Brasil continue contando com
cirurgiões-dentistas respeitados internacionalmente. “Esse é um capital que não
podemos perder”.